sábado, 19 de abril de 2014

Questões biográficas: A morte nossa

SE EU MORRESSE HOJE?

Acompanhando recentemente a comoção midiática em torno da morte do ator José Wilker e do escritor Gabriel García Marquez, fiquei pensando, quando qualquer um de nós, simples cidadãos, morrermos, que legado nós deixaremos? Então, passei a refletir sobre mim mesmo. O que fiz até hoje? Qual o meu legado?
No âmbito pessoal, posso dizer que nasci de uma família pobre e de valores cristãos. As minhas pequenas conquistas são grandes vitórias em relação às minhas origens.  Conquistei um diploma de Ensino Superior e um certificado de pós-graduação, um emprego estável, um casamento que me faz feliz, casa própria. São passos fundamentais para se viver bem.
Então, se eu morresse hoje já teria conquistado aquilo que é fundamental para a vida. Mas se eu tivesse mais um tempo? Publicaria meus livros, fundaria uma ONG para ajudar as pessoas a ressignificarem suas vidas dilaceradas por tragédias ou condições sociais precárias. Faria uma especialização stricto sensu e me dedicaria à filosofia. Eu não poderia deixar reservar um espaço para a minha paixão por línguas e design gráfico. As artes em geral me atraem, principalmente, o desenho.
Porém, a vida não acontece de forma linear. Para dar uns exemplos, Alexandre Magno e Jesus Cristo morreram aos 33 anos e tornaram-se conhecidos mundialmente pelos seus legados. Mas milhares morrem entre 80 e 90 anos e são conhecidos somente entre familiares e amigos. Vida longa é uma dádiva, mas o que se faz de bom no tempo, mesmo que seja pouco, é muito importante. O bom seria se tivéssemos uma vida longa e bem vivida.
A felicidade é um desafio e depende da significação da vida. Podemos manter o sentido da vida mesmo diante das maiores tragédias. São duras, mas a vida não é linear mesmo. Não há planos seguros, desejamos sempre mais e morreremos com nossos projetos inacabados. No final, se ao menos, praticarmos a compaixão, a justiça e o bem. Sempre me consola a filosofia quando falamos em morte, sempre penso que o problema não é a morte, ela nossa condição, o desafio é viver significativamente nossa condição de mortal!


José Aristides.

2 comentários:

Rosana Corrêa - @Sentido_Existir disse...

Acho que quem reflete sobre vida tem vontade de ver suas reflexões "ganhando o mundo. Não por vaidade, mas por vontade de encontrar ecos para os próprios pensamentos.
Neste caso, deixar de ser anônimo seria uma forma de espantar parte da solidão existencial.

Rosana Corrêa - @Sentido_Existir disse...
Este comentário foi removido pelo autor.